sábado, novembro 28, 2009

Antes de Tudo, Você!

Antes de ser o mais bonito,
seja autêntico e triunfará.
Antes de ser o mais inteligente
esforce-se mais e conseguirá.
Antes de ser o mais bem vestido
seja simples e encantará.
Antes de colecionar amores
procure o verdadeiro e encontrará.
Antes de ofender na hora da raiva,
seja dedicado e convencerá...
Antes de se acabar por um amor perdido,
valorize-se mais , goste mais
de você e não mais sofrerá.
Antes de mostrar que é um gênio,
mostre que é capaz de fazer o que os
outros tem preguiça e vencerá.
Antes de sentir-se derrotado,
pense que muitos desistem antes mesmo de começar.
E se você chegou onde está,
e até agora não conseguiu o que deseja, não desanime.
Pois Deus fez abismos
pra que o homem compreendesse as montanhas.
Fez obstáculos para que o homem louvasse os prazeres.
E fez você para que com ele descobrisse a vida
que há pela frente e encontrasse a felicidade...

Portanto, seja feliz...
seja amigo...
seja amável...
Seja antes de tudo...

Você!

sexta-feira, novembro 27, 2009

Como Nasrudin criou a verdade

As leis não fazem com que as pessoas fiquem melhores — disse Nasrudin ao Rei. — Elas precisam, antes, praticar certas coisas de maneira a entrar em sintonia com a verdade interior, que se assemelha apenas levemente à verdade aparente.

O Rei, no entanto, decidiu que ele poderia, sim, fazer com que as pessoas observassem a verdade, que poderia fazê-las observar a autenticidade — e assim o faria.
O acesso a sua cidade dava-se através de uma ponte. Sobre ela, o Rei ordenou que fosse construída uma forca.

Quando os portões foram abertos, na alvorada do dia seguinte, o Chefe da Guarda estava a postos em frente de um pelotão para testar todos os que por ali passassem. Um edital fora imediatamente publicado: "Todos serão interrogados. Aquele que falar a verdade terá seu ingresso na cidade permitido. Caso mentir, será enforcado."

Nasrudin, na ponte entre alguns populares, deu um passo à frente e começou a cruzar a ponte.

— Onde o senhor pensa que vai? — perguntou o Chefe da Guarda.
— Estou a caminho da forca — respondeu Nasrudin, calmamente.
— Não acredito no que está dizendo!
— Muito bem, se eu estiver mentindo, pode me enforcar.
— Mas se o enforcarmos por mentir, faremos com que aquilo que disse seja verdade!
— Isso mesmo - respondeu Nasrudin, sentindo-se vitorioso. — Agora vocês já sabem o que é a verdade: é apenas a sua verdade.

quinta-feira, novembro 26, 2009

Amigo de si mesmo

Em seu recém-lançado livro "Quem Pensas Tu que Eu Sou?", o psicanalista Abrão Slavutsky reflete sobre a necessidade de conquistar o reconhecimento alheio para que possamos desenvolver nossa autoestima. Mas como sermos percebidos generosamente pelo olhar dos outros? Os ensaios que compõem o livro percorrem vários caminhos para encontrar essa resposta, em capítulos com títulos instigantes como Se o Cigarro de García Márquez Falasse, Somos Todos Estranhos ou A Crueldade é Humana. Mas já no prólogo o autor oferece a primeira pílula de sabedoria. Ele reproduz uma questão levantada e respondida pelo filósofo Sêneca: “Perguntas-me qual foi meu maior progresso? Comecei a ser amigo de mim mesmo”.Como sempre, nosso bem-estar emocional é alcançado com soluções simples, mas poucos levam isso em conta, já que a simplicidade nunca teve muito cartaz entre os que apreciam uma complicaçãozinha. Acreditando que a vida é mais rica no conflito, acabam dispensando esse pó de pirilimpimpim.Para ser amigo de si mesmo é preciso estar atento a algumas condições do espírito. A primeira aliada da camaradagem é a humildade. Jamais seremos amigos de nós mesmos se continuarmos a interpretar o papel de Hércules ou de qualquer super-herói invencível. Encare-se no espelho e pergunte: quem eu penso que sou? E chore, porque você é fraco, erra, se engana, explode, faz bobagem. E aí enxugue as lágrimas e perdoe-se, que é o que bons amigos fazem: perdoam.Ser amigo de si mesmo passa também pelo bom humor. Como ainda há quem não entenda que sem humor não existe chance de sobrevivência? Já martelei muito nesse assunto, então vou usar as palavras de Abrão Slavutsky: “Para atingir a verdade, é preciso superar a seriedade da certeza”. É uma frase genial. O bem-humorado respeita as certezas, mas as transcende. Só assim o sujeito passa a se divertir com o imponderável da vida e a tolerar suas dificuldades.Amigar-se consigo também passa pelo que muitos chamam de egoísmo, mas será? Se você faz algo de bom para si próprio estará automaticamente fazendo mal para os outros? Ora. Faça o bem para si e acredite: ninguém vai se chatear com isso. Negue-se a participar de coisas em que não acredita ou que simplesmente o aborrecem. Presenteie-se com boa música, bons livros e boas conversas. Não troque sua paz por encenação. Não faça nada que o desagrade só para agradar aos outros. Mas seja gentil e educado, isso reforça laços, está incluído no projeto “ser amigo de si mesmo”.Por fim, pare de pensar. É o melhor conselho que um amigo pode dar a outro: pare de fazer fantasias, sentir-se perseguido, neurotizar relações, comprar briga por besteira, maximizar pequenas chatices, estender discussões, buscar no passado as justificativas para ser do jeito que é, fazendo a linha “sou rebelde porque o mundo quis assim”. Sem essa. O mundo nem estava prestando atenção em você, acorde. Salve-se dos seus traumas de infância.Quem não consegue sozinho, deve acudir-se com um terapeuta. Só não pode esquecer: sem amizade por si próprio, nunca haverá progresso possível, como bem escreveu Sêneca cerca de 2.000 anos atrás. Permanecerá enredado em suas próprias angústias e sendo nada menos que seu pior inimigo.

quarta-feira, novembro 25, 2009

O poder da vontade independente

A vontade soberana é um dom humano que torna realmente possível o gerenciamento pessoal eficaz; os outros são a autoconsciência, a imaginação e a consciência.

A vontade soberana é a capacidade para tomar decisões e fazer escolhas agindo de acordo com elas. É a habilidade para agir, não permitir que determinem suas ações, e para levar adiante seus planos desenvolvidos através dos três outros dons. A vontade humana é realmente algo espantoso e repetidas vezes triunfa contra prognósticos desfavoráveis... Mas esse dom no contexto do gerenciamento pessoal eficaz não é o esforço dramático, gigantesco que traz o sucesso duradouro. Seu fortalecimento vem da aprendizagem de utilizar a vontade soberana nas decisões que tomamos todos os dias.

A extensão com que desenvolvemos nossa vontade soberana na vida cotidiana se mede pela nossa integridade pessoal. A integridade é – fundamentalmente, o valor que damos a nos mesmos; é a nossa capacidade de assumir compromissos sérios com nossa própria mente e manter os assumidos com os outros; é “fazer o que dizemos”. Trata-se de respeitar a personalidade.

A liderança resolve o que é mais importante e o gerenciamento eficaz faz primeiro o que é mais importante... Gerenciar é disciplina, é a vontade de fazer direito.

A palavra disciplina vem de discípulo – de uma filosofia, de um conjunto de princípios, de um objetivo grandioso, de uma meta ambiciosa ou de uma pessoa que representa essa meta. Em outras palavras: se você for um gerenciador eficaz da sua pessoa, a disciplina vem de dentro, é um produto de sua vontade independente. Você se torna um discípulo, um seguidor de seus próprios valores fundamentais e de sua fonte. E possui a vontade e a integridade para subordinar os sentimentos e humores a esses valores.

domingo, novembro 22, 2009

A Pessoa Errada

Pensando bem em tudo o que a gente vê e vivencia e ouve e pensa, não existe uma pessoa certa pra gente. Existe uma pessoa que se você for parar pra pensar é, na verdade, a pessoa errada.

Porque a pessoa certa faz tudo certinho! Chega na hora certa, fala as coisas certas, faz as coisas certas, mas nem sempre a gente tá precisando das coisas certas.

Aí é a hora de procurar a pessoa errada. A pessoa errada te faz perder a cabeça, perder a hora, morrer de amor...

A pessoa errada vai ficar um dia sem te procurar que é pra na hora que vocês se encontrarem a entrega ser muito mais verdadeira.

A pessoa errada, é na verdade, aquilo que a gente chama de pessoa certa.

Essa pessoa vai te fazer chorar, mas uma hora depois vai estar enxugando suas lágrimas.

Essa pessoa vai tirar seu sono.

Essa pessoa talvez te magoe e depois te enche de mimos pedindo seu perdão.

Essa pessoa pode não estar 100% do tempo ao seu lado, mas vai estar 100% da vida dela esperando você. Vai estar o tempo todo pensando em você.

A pessoa errada tem que aparecer pra todo mundo, porque a vida não é certa. Nada aqui é certo!

O que é certo mesmo, é que temos que viver cada momento, cada segundo, amando, sorrindo, chorando, emocionando, pensando, agindo, querendo, conseguindo...

E só assim, é possível chegar àquele momento do dia em que a gente diz: "Graças à Deus deu tudo certo".

Quando na verdade, tudo o que Ele quer é que a gente encontre a pessoa errada pra que as coisas comecem a realmente funcionar direito pra gente...

(Luis Fernando Veríssimo, escritor

sábado, novembro 21, 2009

Os estranhos do bem

Pouco lembro do apartamento onde passei minha infância, mas não esqueci nada da rua onde morava, das casas vizinhas, do quarteirão inteiro onde eu brincava desde o início da tarde até o início da noite e, por vezes, inclusive à noite. Naquela época não havia medo de assaltos, de atropelamentos, de sequestros relâmpagos: a gente pegava a bicicleta e saía com a maior liberdade, sem pânico nem neuras, o oposto do que acontece hoje, quando as crianças só podem brincar dentro do prédio, em prisão domiciliar. Porém, mesmo com liberdade, havia um perigo rondando. Você deve lembrar o que nossos pais buzinavam em nossos ouvidos a cada vez que abríamos a porta de casa para sair: Não dê conversa a estranhos. Mais uma vez, é o oposto do que acontece hoje. Trancafiados em casa, com as bicicletas enferrujando na garagem, não se faz outra coisa a não ser dar conversa a estranhos.Quando menina, eu me perguntava: o que será que eles (os adultos) querem dizer com “estranho”? Estranho, pra mim, era um cara que usasse óculos escuros à noite, tivesse um bruta cicatriz ao lado da orelha e uma faca ensanguentada entre os dentes. Mas estranho, pra eles, ia além: era qualquer um que a gente não conhecesse. Podia ser o pároco do bairro: um estranho. Corra!Assim que tive idade para diferenciar conhecidos e estranhos, acolhi ambos. De um lado, me apegava às amigas do colégio, todas falando igual, vestindo igual, pensando igual e usando o mesmo cabelo: nada como reforçar nossa identidade. De outro, queria saber como era viver em outro país, ter experiências diferentes das minhas, outros costumes. Os livros e o cinema alimentavam essa minha curiosidade, mas não bastava. Então me inscrevi num programa de intercâmbio de correspondências e acabei fazendo amizade com a Julie, que morava no interior da Inglaterra, com o Carlos, que morava no México, e com a Michelle, que morava na Nova Zelândia. Trocávamos fotos, falávamos da nossa vida pessoal, contávamos segredos que atravessavam oceanos, tudo em cartas escritas ora em inglês, ora em espanhol, e quando ninguém se entendia, desenhava-se. O que foi feito deles? Não faço a mínima ideia. Mas foram esses estranhos que ampliaram um pouco os meus horizontes e deram sabor de aventura à minha adolescência.Aí a gente cresce e inventam um troço chamado computador. E os pais somos nós! Conscientes das nossas responsabilidades, batemos à porta do quarto das crianças e damos sequência à tradição, alertando-os: “Não dê conversa a estranhos”.Quá, quá, quá.Afora as orientações inevitáveis contra pedófilos e mal-intencionados em geral, é preciso relaxar: ninguém com mais de 10 anos evita estranhos, ao contrário, eles são buscados freneticamente no MSN, no Facebook, no Twitter, no Orkut, onde todos se expõem, transformando o mundo num gigantesco albergue coletivo. Uma versão ligeiramente mais abrangente e instantânea do que aquele meu programa de correspondência internacional.Jamais pedi atestado de bons antecedentes para quem não conheço. Estranho é mau? Estranho é pior do que a gente? Se devemos ter vigilância com nossos filhos - e devemos mesmo - é preciso também controlar a paranoia e não surtar por eles trocarem ideias com quem nunca viram antes, e provavelmente jamais verão. Dar conversa a estranhos não significa dar o endereço, o telefone e a senha do banco. Pode ser apenas um bate-papo divertido. E só pra lembrar: estranhos, somos todos.

sexta-feira, novembro 20, 2009

Amor

Amor
Seja o qual for a tarefa que lhe for confiada, desempenhe-a com amor e você se sentirá feliz. Saiba que não é o tipo de trabalho que o preenche; é a forma como você pensa sobre ele que faz a diferença. A realização pessoal não está naquilo que você faz, mas na forma como você encara os seus afazeres. Você se sentir feliz, ou não, depende única e exclusivamente da sua atitude interna, não da externa. Portanto, controle sua mente, faça o que tem de ser feito com amor e perceba como tudo se torna muito mais fácil. E mais: onde há amor, há paz!

quinta-feira, novembro 19, 2009

Avareza

Diz o texto sagrado que o Espírito levou Jesus ao deserto para ser testado pelo Demônio. Essa é a missão dos Demônios: testar os homens para saber a qualidade de que são feitos.

A tentação só acontece no lugar onde mora o desejo. Ninguém é tentado a comer tijolos. Porque ninguém deseja comer tijolos. É preciso que haja o desejo para que a tentação aconteça.

(...)

Quem tem dinheiro tem todas as coisas. O dinheiro é o deus do mundo. O Vinícius inicia o seu poema O Operário em Construção citando esse texto do evangelho. O operário, no alto do monte, tentado pelas riquezas! Porque o fascínio pelo dinheiro não mora apenas no coração dos ricos. Mora também no coração dos pobres.

Avarenta é a pessoa que adora o dinheiro. Mas esqueça as imagens comuns do avarento – o pão-duro, o unha-de-fome, o mesquinho... Esse avarento é um coitado. Faz mal a pouca gente. Ele é o maior prejudicado. Da sua companhia todos fogem. Ele é ridículo. Avareza não é isso. É uma qualidade espiritual. O avarento é uma pessoa cujos olhos passaram por uma transformação: eles só vêem coisas e pessoas através do dinheiro. Todos os seus sentidos estéticos e éticos foram destruídos. Beleza, ternura, amor, honestidade, justiça – essas coisas não entram na sua contabilidade.

Por que o avarento se entrega ao amor ao dinheiro? Porque ele sabe que o dinheiro é um deus que tem poderes para operar as mais fantásticas transformações. Marx era bom teólogo; ele conhecia o poder do deus dinheiro para operara milagres. Vejam os comentários que ele fez de textos de Goethe e Shakespeare.

“Eu sou feio, mas posso comprar a mulher mais bonita para mim mesmo. Conseqüentemente eu não sou feio, porque o efeito da feiúra, o seu poder para repelir, é anulado pelo dinheiro. Como indivíduo sou um aleijado, mas o dinheiro me dá vinte e quatro pernas. Portanto eu não sou aleijado. Eu sou um homem detestável, sem honra, sem escrúpulos e estúpido, mas o dinheiro é objeto de admiração universal e portanto eu, que tenho dinheiro, sou admirado. Sou curto de inteligência, mas desde que o dinheiro é o espírito de todas as coisas, como poderia aquele que o possui não ser inteligente? Eu, que pelo poder do dinheiro, posso possuir tudo aquilo que o coração humano deseja, não sou possuidor também de todas as virtudes humanas.”

Pense nas misérias do Brasil. Elas não foram produzidas pela ira, pela preguiça, pela inveja, pela gula, pela arrogância, pela luxúria. Esses demônios são fracos. Nossas misérias são produzidas pela avareza. As delícias da riqueza justificam qualquer tipo de corrupção. Pense nas tragédias do mundo, as guerras, os genocídios... Esses sofrimentos foram produzidos pelo uso de armas que foram pensadas por inteligências científicas e fabricadas com cabeças técnicas e vendidas por amor ao lucro. Mas quem é movido pela avareza não sabe o que é o sofrimento dos outros. Perdeu a capacidade de compaixão. E com isso deixou de ser humano.

quarta-feira, novembro 18, 2009

Tolerância

Quem tem a virtude da tolerância está sempre com o semblante contente. E quem tem a imagem do contentamento é capaz de tornar os outros contentes também. Ser contente é alcançar sucesso. Se você é tolerante consegue transformar personalidades duras em serenas, e tarefas difíceis em trabalhos fáceis. Se você é tolerante consegue ir além da face dura da vida.

terça-feira, novembro 17, 2009

Como se fosse impossível

Aja como se fosse impossível fracassar! Não tenha medo daquilo que você desconhece. A melhor hora para você entrar no desconhecido é a qualquer hora. Compreenda que o medo faz com que você se acomode diante da vida, mas o medo não será vencido apenas se você pensar positivamente. Não... você precisa agir!

A ação te ajudará a ter menos ansiedade e mais confiança em si mesmo. Toda prova pode ser desafiadora, mas possível. Não é fácil vencer o medo, mas é possível. O medo pode ter a capacidade de te fazer recuar, de manter teu talento reprimido e de fazer com que você não alcance a plenitude da vida.

Se você já se sentiu ameaçado demais pelo fracasso na busca de algo que tanto quer... Apreensivo demais para dividir seus sentimentos... Confortável demais para aproveitar uma chance de tornar sua vida melhor... Intimidado demais para se defender quando humilhado por alguém... Com medo demais de não ser amado novamente para pôr fim a um relacionamento ruim... Nervoso demais com a idéia de se ferir para arriscar confiar em alguém... Sem confiança suficiente para se aventurar em novos projetos porque acha que o desafio é demais para você... Não tente encobrir o teu medo, enfrente-o! E aja como se fosse impossível fracassar, pois assim você terá mais chance de chegar ao sucesso!

sábado, novembro 14, 2009

Saiba o que deseja atingir

O yogue Raman era um verdadeiro mestre na arte do arco e flecha. Certa manhã, ele convidou seu discípulo mais querido para assistir uma demonstração do seu talento. O discípulo já vira aquilo mais de cem vezes, mas - mesmo assim - resolveu obedecer ao mestre.
Foram para o bosque ao lado do mosteiro: ao chegarem diante de um belo carvalho, Raman pegou uma das flores que trazia em seu colar, e a colocou um dos ramos da árvore.
Em seguida, abriu seu alforje, e retirou três objetos: seu magnífico arco de madeira preciosa, uma flecha, e um lenço branco, bordado com desenhos em lilás.
O yogue então posicionou-se a uma distância de cem passos do local onde havia colocado a flor. De frente para o seu alvo, pediu que seu discípulo o vendasse com o lenço bordado.
O discípulo fez o que o mestre ordenara.
“Quantas vezes você já me viu praticar o nobre a antigo esporte do arco e flecha?” – perguntou.
“Todos os dias”, respondeu o discípulo. “E sempre o vi acertar na rosa, a uma distância de trezentos passos”.
Com seus olhos cobertos pelo lenço, o yogue Raman firmou os seus pés na terra, distendeu o arco com toda a sua energia – apontando na direção da rosa colocada num dos ramos do carvalho – e disparou.
A flecha cortou o ar, provocando um ruído agudo, mas nem sequer atingiu a árvore, errando o alvo por uma distância constrangedora.
“Acertei? “disse Raman, retirando o lenço que cobria seus olhos.
“O senhor errou – e por uma grande margem” respondeu o discípulo. “Achei que ia mostrar-me o poder do pensamento, e sua capacidade de fazer mágicas”.
“Eu lhe dei a lição mais importante sobre o poder do pensamento”, respondeu Raman. “Quando desejar uma coisa concentre-se apenas nela: ninguém jamais será capaz de atingir um alvo que não consegue ver”.

sexta-feira, novembro 13, 2009

Não tenha medo de ser chamado de louco

Os monges do deserto afirmavam que era necessário deixar a mão dos anjos agir.
Para isto, de vez em quando faziam coisas absurdas, como falar com flores ou rir sem razão. Os alquimistas seguem os “sinais de Deus”; pistas que muitas vezes não fazem sentido, mas que terminam levando a algum lugar.
Diz o mestre:
Não tenha medo de ser chamado de louco, faça hoje alguma coisa que não combina com a lógica que você aprendeu. Contrarie um pouco o comportamento sério que lhe ensinaram a ter. Esta pequena coisa, por menor que seja, pode abrir as portas para uma grande aventura, humana e espiritual.

quarta-feira, novembro 11, 2009

Olhando pelo outro lado

Pergunto a Masao Masuda como os japoneses conseguiram conquistar certos mercados, que antes eram dominados pelos americanos.
“Muito simples: os americanos têm uma ideia, trancam-se numa sala com pesquisas, tomam decisões, e gastam uma energia imensa para provar que estavam certos”.
“Nós não queremos provar nada a ninguém: deixamos que cada ser humano manifeste suas necessidades, e procuramos solucioná-las. O resultado prático é que cada um termina comprando aquilo que já desejava antes”.
E conclui: “quem só deseja demonstrar que está certo, termina por agir errado”.

terça-feira, novembro 10, 2009

O presente de insultos

Perto de Tóquio vivia um grande samurai, já idoso, que agora se dedicava a ensinar o zen budismo aos jovens.
Apesar de sua idade, corria a lenda de que ainda era capaz de derrotar qualquer adversário.
Certa tarde, um guerreiro - conhecido por sua total falta de escrúpulos - apareceu por ali. Era famoso por utilizar a técnica da provocação: esperava que seu adversário fizesse o primeiro movimento, e, dotado de uma inteligência privilegiada para reparar os erros cometidos, contra-atacava com velocidade fulminante.
O jovem e impaciente guerreiro jamais havia perdido uma luta. Conhecendo a reputação do samurai, estava ali para derrotá-lo, e aumentar sua fama.
Todos os estudantes se manifestaram contra a idéia, mas o velho aceitou o desafio.
Foram todos para a praça da cidade, e o jovem começou a insultar o velho mestre. Chutou algumas pedras em sua direção, cuspiu em seu rosto, gritou todos os insultos conhecidos - ofendendo inclusive seus ancestrais.
Durante horas fez tudo para provocá-lo, mas o velho permaneceu impassível. No final da tarde, sentindo-se já exausto e humilhado, o impetuoso guerreiro retirou-se.
Desapontados pelo fato de que o mestre aceitara tantos insultos e provocações, os alunos perguntaram:
“Como o senhor pode suportar tanta indignidade? Por que não usou sua espada, mesmo sabendo que podia perder a luta, ao invés de mostrar-se covarde diante de todos nós?”
“Se alguém chega até você com um presente, e você não o aceita, a quem pertence o presente?”, perguntou o samurai.
“A quem tentou entregá-lo”, respondeu um dos discípulos.
“O mesmo vale para a inveja, a raiva, e os insultos”, disse o mestre. “Quando não são aceitos, continuam pertencendo a quem os carregava consigo”.

segunda-feira, novembro 09, 2009

A Pessoa Errada

Pensando bem em tudo o que a gente vê e vivencia e ouve e pensa, não existe uma pessoa certa pra gente. Existe uma pessoa que se você for parar pra pensar é, na verdade, a pessoa errada.

Porque a pessoa certa faz tudo certinho! Chega na hora certa, fala as coisas certas, faz as coisas certas, mas nem sempre a gente tá precisando das coisas certas.

Aí é a hora de procurar a pessoa errada. A pessoa errada te faz perder a cabeça, perder a hora, morrer de amor...

A pessoa errada vai ficar um dia sem te procurar que é pra na hora que vocês se encontrarem a entrega ser muito mais verdadeira.

A pessoa errada, é na verdade, aquilo que a gente chama de pessoa certa.

Essa pessoa vai te fazer chorar, mas uma hora depois vai estar enxugando suas lágrimas.

Essa pessoa vai tirar seu sono.

Essa pessoa talvez te magoe e depois te enche de mimos pedindo seu perdão.

Essa pessoa pode não estar 100% do tempo ao seu lado, mas vai estar 100% da vida dela esperando você. Vai estar o tempo todo pensando em você.

A pessoa errada tem que aparecer pra todo mundo, porque a vida não é certa. Nada aqui é certo!

O que é certo mesmo, é que temos que viver cada momento, cada segundo, amando, sorrindo, chorando, emocionando, pensando, agindo, querendo, conseguindo...

E só assim, é possível chegar àquele momento do dia em que a gente diz: "Graças à Deus deu tudo certo".

Quando na verdade, tudo o que Ele quer é que a gente encontre a pessoa errada pra que as coisas comecem a realmente funcionar direito pra gente...

Por medo de chorar, deixamos de rir

Por incrível que possa parecer, muita gente tem medo da felicidade. Para essas pessoas, correr o risco de estar de bem com a vida significa mudar uma serie de hábitos – e perder sua própria identidade.
Por isso, muitas vezes nos julgamos indignos das coisas boas que acontecem conosco. Não aceitamos as bênçãos – porque aceitá-las nos dá a sensação de que estamos devendo alguma coisa a Deus. Além disso, temos medo de nos “acostumar” com a felicidade.
Pensamos: “é melhor não provar o cálice da alegria, porque, quando este nos faltar, iremos sofrer muito”.
Por medo de diminuir, deixamos de crescer. Por medo de chorar, deixamos de rir.

sábado, novembro 07, 2009

Sem resultados

O místico Ramakrishna começou a dedicar-se à vida espiritual desde dezesseis anos. No começo, chorava amargamente por não conseguir nenhum resultado - apesar de sua dedicação ao trabalho no templo.
Explicando mais tarde esta etapa de sua vida, ele disse:
- Se um ladrão passasse a noite em uma sala, com apenas uma parede fina separando-o de um quarto cheio de ouro, ele conseguiria dormir? Ficaria acordado a noite inteira, arquitetando planos. Quando eu era jovem, desejava Deus mais ardentemente do que o ladrão desejaria aquele ouro, e me custou muito a aprender a maior virtude da busca espiritual: a paciência

sexta-feira, novembro 06, 2009

O caminho do meio

O monge Lucas, acompanhado de um discípulo, atravessava uma aldeia. Um velho perguntou ao asceta:
— Santo homem, como me aproximo de Deus?
— Divirta-se. Louve o Criador com sua alegria - foi a resposta.
Os dois continuaram a caminhar. Neste momento, um jovem aproximou-se.
— O que faço para me aproximar de Deus?
— Não se divirta tanto - disse Lucas.
Quando o jovem partiu, o discípulo comentou:
— Parece que o senhor não sabe direito se devemos ou não devemos nos divertir.
— A busca espiritual é uma ponte sem corrimão atravessando um abismo – respondeu Lucas. — Se alguém está muito perto do lado direito, eu digo ‘para a esquerda!’ Se aproximam-se do lado esquerdo, eu digo ‘para a direita!’. Os extremos nos afastam do caminho

quinta-feira, novembro 05, 2009

Sempre correndo atrás da sabedoria

O monge Shuan sempre alertava aos discípulos para a importância do estudo de filosofia ancestral.
Um deles, conhecido pela sua força de vontade, anotava todos os ensinamentos de Shuan, e passava o resto do dia refletindo sobre os pensadores antigos.
Depois de um ano de estudos o discípulo adoeceu, mas continuou frequentando as aulas.
“Mesmo doente, continuarei estudando. Estou atrás da sabedoria, e não há tempo a perder”, disse ele ao mestre.
Shuan indagou: “Como você sabe que a sabedoria está na sua frente, e que é preciso estar sempre correndo atrás dela? Talvez ela esteja caminhando atrás de você, querendo alcançá-lo, e, de alguma maneira, você não está deixando. Relaxar e deixar os pensamentos fluírem também é uma maneira de atingir a sabedoria”.

quarta-feira, novembro 04, 2009

Os três livros

O monge Tetsugen tinha um sonho: imprimir um livro em japonês, com todos os versículos sagrados.
Decidido a transformar este sonho em realidade, começou a viajar pelo país, arrecadando o dinheiro necessário.
Entretanto, assim que conseguiu a quantia para iniciar o trabalho, o Rio Uji transbordou, provocando uma catástrofe de proporções gigantescas. Vendo os desabrigados, Tetsugen resolveu gastar todo o dinheiro para aliviar o sofrimento do povo.
Mas logo recomeçou a lutar por seu sonho: bateu de porta em porta, caminhou por diversas ilhas do Japão, e de novo conseguiu o que precisava.
Quando voltava - exultante - para Edo, uma epidemia de cólera alastrou-se pelo país. Novamente, o monge usou o dinheiro para curar os doentes e ajudar a família dos mortos.
Perseverante, voltou ao seu projeto original. Colocou-se novamente em campo e, quase 20 anos depois, conseguiu editar sete mil exemplares dos versículos sagrados.
Dizem que Tetsugen, na realidade, fez três edições dos textos sagrados.Só que as duas primeiras são invisíveis.

terça-feira, novembro 03, 2009

Olhando as coisas simples

O guerreiro da luz sabe que, como dizem os tibetanos, “não é preciso uma experiência mística para descobrir que o mundo é bom”. Basta perceber as coisas belas e simples a sua volta.
Quando tem medo, o guerreiro concentra-se nos pequenos milagres da vida diária. Se és capaz de ver o que é belo, é porque traz a beleza dentro de si - já que o mundo é um espelho, e devolve a cada homem o reflexo de seu próprio rosto.
Embora conhecendo seus defeitos e limitações, o guerreiro faz o possível para manter o bom-humor nos momentos de crise. Afinal de contas, o mundo está se esforçando para ajudá-lo, mesmo que tudo à sua volta pareça dizer o contrário.

segunda-feira, novembro 02, 2009

Em Buda e na Virgem Maria

O monge vietnamita Thich Nhat Hanh é um dos mais respeitados mestres de budismo no Ocidente. Numa viagem ao Sri Lanka, encontrou seis crianças descalças.
“Não eram crianças de favela, e sim do campo; olhando-as, vi que formavam parte da natureza ao redor”.
Ele estava sozinho na praia, e todos correram em sua direção. Como Thich Nhat Hanh não falava o idioma, limitou-se a abraçá-las, e foi retribuído.
Em dado momento, porém, lembrou-se de uma antiga prece budista: “Refugio-me no Buda”.
Começou a cantá-la, e quatro das crianças fizeram o mesmo, batendo palmas, e reconhecendo um texto que talvez seus pais lhes tivessem ensinado. Thich Nhat Hanh, então, fez sinal para as duas crianças que permaneciam caladas. Elas sorriram, juntaram as palmas das mãos, e disseram em páli: “Refugio-me na Virgem Maria”.
O som da prece era o mesmo.
Naquela praia, naquela tarde, Thich Nhat Hanh diz que encontrou uma harmonia e serenidade que raramente experimentara.

domingo, novembro 01, 2009

O mosterio pode acabar

O mosteiro atravessava tempos difíceis: por causa da nova moda, que afirmava que Deus era apenas superstição, os jovens já não queriam mais ser noviços. Uns foram estudar sociologia, outros passaram a ler tratados de materialismo histórico, mas – pouco a pouco – a pequena comunidade que restou foi-se dando conta que seria necessário fechar o convento.
Os antigos monges foram morrendo. Quando o último deles estava pronto para entregar sua alma ao Senhor, chamou ao seu leito de morte um dos poucos noviços que restavam.
-Tive uma revelação – disse. – Este mosteiro foi escolhido para algo muito importante.
-Que pena – respondeu o noviço. – Porque só restam cinco rapazes, e não podemos dar conta de todas as tarefas, quanto mais de uma coisa importante.
-É uma pena mesmo. Porque, aqui no meu leito de morte, um anjo apareceu, e eu entendi que um de vocês cinco estava destinado a tornar-se um santo.
Disse isto, e expirou.
Durante o enterro, os rapazes olhavam-se entre si, espantados. Quem teria sido o escolhido: aquele que mais ajudava os habitantes da aldeia? O que costumava rezar com uma devoção especial? Ou o que pregava com tal entusiasmo que os outros sentiam-se à beira das lágrimas?
Compenetrados pela presença de um santo entre eles, os noviços resolveram adiar um pouco a extinção do convento, e passaram a trabalhar duro, pregar com entusiasmo, reformar as paredes caídas, praticar a caridade e o amor.
Certo dia, um rapaz apareceu na porta do convento: estava impressionado com o trabalho dos cinco rapazes, e queria ajudá-los. Não demorou uma semana, outro jovem fez o mesmo. Aos poucos, o exemplo dos noviços correu a região.
-Os olhos deles brilham – dizia um filho ao seu pai, pedindo para entrar para o mosteiro.
-Eles fazem as coisas com amor – comentava um pai com seu filho. – Vê como o mosteiro está mais belo do que nunca?
Dez anos depois, já havia mais de oitenta noviços. Nunca se soube se o comentário do velho monge era verdadeiro, ou se ele tinha encontrado uma fórmula para fazer com que o entusiasmo devolvesse ao mosteiro a sua dignidade perdida.