quinta-feira, março 25, 2010

Não nascemos prontos.

Gente não nasce pronta e vai se gastando. Gente nasce não-pronta e vai se fazendo.




O grande desafio humano é resistir à sedução do repouso, pois nascemos para caminhar e nunca para nos satisfazer com as coisas como estão.

A insatisfação é um elemento indispensável para quem, mais do repetir, repetir, repetir,

deseja criar, inovar, refazer, modificar, aperfeiçoar.



Assumir esse compromisso é aceitar o desafio de construir uma existência menos confortável, porém ilimitada e infinitamente mais significativa e gratificante.



(por Mario Sergio Cortella, do livro "Não nascemos prontos!" - Provocações Filosóficas)

quarta-feira, março 24, 2010

O rato e os livros.

Quando eu estava internado na Casa de Saúde Dr. Eiras comecei a ter crises de pânico. Um dia, resolvi consultar o psiquiatra encarregado do meu caso:




“Doutor, o medo me domina, me tira a alegria viver”.



“Aqui no meu consultório tem um ratinho que come meus livros”, disse o médico. “Se eu ficar desesperado com este ratinho, ele se esconderá de mim, e não farei outra coisa na vida a não ser caçá-lo. Portanto, eu coloco os livros mais importantes num lugar seguro, e deixo que ele roa alguns outros”.



“Desta maneira, ele continua um ratinho, e não se torna um monstro.



Tenha medo de algumas coisas, e concentre todo o seu medo nelas – para que tenha coragem no resto”.

segunda-feira, março 22, 2010

Mariana ficou toda feliz porque ganhou de presente um joguinho de chá, todo azulzinho, com bolinhas amarelas. No dia seguinte, Julia sua amiguinha, veio bem cedo convida-la para brincar.




Mariana não podia porque ia sair com sua mãe naquela manha. Julia, então, pediu a coleguinha que lhe emprestasse o seu conjuntinho de chá para que ela pudesse brincar sozinha na garagem do prédio.



Mariana não queria emprestar, mas, com a insistência da amiga, resolveu ceder, fazendo questão de demonstrar todo o seu ciúme pôr aquele brinquedo tão especial.



Ao regressar do passeio, Mariana ficou chocada ao ver o seu conjuntinho de chá jogado no chão. Faltavam algumas xícaras e a bandejinha estava toda quebrada.



Chorando e muito nervosa, Mariana desabafou: Esta vendo, mamãe, o que a Julia fez comigo?



Emprestei o meu brinquedo, ela estragou tudo e ainda deixou jogado no chão. Totalmente descontrolada, Mariana queria, porque queria, ir ao apartamento de Julia pedir explicações. Mas a mamãe, com muito carinho, ponderou:



- Filhinha, lembra daquele dia quando você saiu com seu vestido novo todo branquinho e um carro, passando, jogou lama em sua roupa?



Ao chegar a sua casa você queria lavar imediatamente aquela sujeira, mas a vovó não deixou.



Você lembra do que a vovó falou? Ela falou que era para deixar o barro secar primeiro. Depois ficava mais fácil limpar. Pois e, minha filha! Com a raiva e a mesma coisa.



Deixa a raiva secar primeiro. Depois fica bem mais fácil resolver tudo. Mariana não entendeu muito bem, mas resolveu ir para a sala ver televisão.



Logo depois alguém tocou a campainha. Era Julia, toda sem graça, com um embrulho na mão. Sem que houvesse tempo para qualquer pergunta, ela foi falando:



- Mariana, sabe aquele menino mau da outra rua que fica correndo atras da gente?



Ele veio querendo brincar comigo e eu não deixei. Ai ele ficou bravo e estragou o brinquedo que você havia me emprestado.



Quando eu contei para a mamãe ela ficou preocupada e foi correndo comprar outro brinquedo igualzinho para você. Espero que você não fique com raiva de mim.



Não foi minha culpa.



Não tem problema, disse Mariana, minha raiva ja secou. E, tomando a sua coleguinha pela mão, levou-a para o quarto para contar historia do vestido novo que havia sujado de barro.

quinta-feira, março 18, 2010

A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.




Charles Chaplin

domingo, março 14, 2010

O General se Arrepende

Um dia, o Mestre Ch'an Meng-ch'uang decidiu tomar uma barca para atravessar o rio. Depois que ela deixou a margem, um general levando uma espada e um chicote, chegou de repente gritando: "Espere-me, também vou!"




Quase todos na barca concordaram que ela não deveria voltar, assim o barqueiro gritou: "Espere pela próxima barca!"



Então, o Mestre Meng-ch'uang disse para o barqueiro: "Ainda estamos muito próximo da praia. Volte e o apanhe".



Vendo que era um monge que falava, o barqueiro voltou e apanhou o general. Quando o general subiu no barco, ele ficou perto do Mestre Meng-ch'uang e deu-lhe uma chicotada, gritando: "Levante-se, dê-me seu lugar".



Logo, o sangue começou pingar da cabeça do Mestre. Ele levantou-se sem dizer uma palavra. Todos estavam com medo e não ousaram falar. Embora soubesse que estava errado, o general era muito arrogante para se desculpar.



Quando a barca chegou do outro lado, o Mestre Meng-ch'uang desceu e foi para a beira do rio lavar o sangue de seu rosto.

O general sentiu grande remorso pelo que havia feito. Ele aproximou-se do Mestre Meng-ch'uang, ajoelhou-se diante dele e disse: "Mestre, estou muito arrependido! "



O Mestre Meng-ch'uang disse gentilmente: "Não se preocupe. Pessoas viajando longe de casa, algumas vezes se sentem melancólicas" .



Qual é a coisa mais potente na Terra? Tolerância. O Buda certa vez disse: "Um praticante budista que pode tolerar a calúnia, o abuso, o ridículo, e encara-os como doce orvalho é uma pessoa forte".



Violência pode inspirar medo nas pessoas mas não pode conquistar seu respeito. Somente a tolerância pode tocar os corações dos arrogantes.

sábado, março 06, 2010

A arrogância da santidade

O monge zen passou dez anos meditando em sua caverna, procuran¬do descobrir o caminho da verdade.




Certa tarde, enquanto orava, um macaco aproximou-se. O monge tentou concentrar-se. O macaco, porém, aproximou-se de mansinho e pegou a sandália do monge.



“Macaco danado!”, disse o ermitão. “Por que veio perturbar minhas orações?”



“Estou com fome”, disse o macaco.



“Vá embora! Você atrapalha minha comunicação com Deus!”



“Como deseja falar com Deus, se não consegue comunicar-se com os mais humildes, como eu?”, disse o macaco.



E o monge, envergonhado, pediu desculpas