sexta-feira, dezembro 25, 2009

Nasrudin e o ovo

Certa manhã, Nasrudin – o grande místico sufi que sempre fingia ser louco – colocou um ovo embrulhado em um lenço, foi para o meio da praça de sua cidade, e chamou aqueles que estavam ali.




- Hoje teremos um importante concurso! – disse – Quem descobrir o que está embrulhado neste lenço, eu dou de presente o ovo que está dentro!

As pessoas se olharam, intrigadas, e responderam:



- Como podemos saber? Ninguém aqui é capaz de fazer adivinhações!



Nasrudin insistiu:



- O que está neste lenço tem um centro que é amarelo como uma gema, cercado de um líquido da cor da clara, que por sua vez está contido dentro de uma casca que quebra facilmente. É um símbolo de fertilidade, e nos lembra os pássaros que voam para seus ninhos. Então, quem pode me dizer o que está escondido?



Todos os habitantes pensavam que Nasrudin tinha em suas mãos um ovo, mas a resposta era tão óbvia, que ninguém resolveu passar vergonha diante dos outros. E se não fosse um ovo, mas algo muito importante, produto da fértil imaginação mística dos sufis? Um centro amarelo podia significar algo do sol, o líquido ao redor talvez fosse um preparado alquímico.



Não, aquele louco estava querendo fazer alguém de ridículo.



Nasrudin perguntou mais duas vezes, e ninguém se arriscou a dizer algo impróprio. Então ele abriu o lenço e mostrou a todos o ovo.



- Todos vocês sabiam a resposta – afirmou. – E ninguém ousou traduzí-la em palavras.



“É assim a vida daqueles que não tem coragem de arriscar: as soluções nos são dadas generosamente por Deus, mas estas pessoas sempre procuram explicações mais complicadas, e terminam não fazendo nada”.

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